De acordo com o processo histórico as terras que se encontravam sob posse da família Medeiros pertencem ao povo Xukuru Kariri, que ocupavam toda esta grande região, mas com o processo de colonização aconteceram perseguições e extermínios dos povos que ficaram dispersos e sem terra e automaticamente os posseiros foram se apropriando da terra tradicional ocupada pelos Xukuru Kariri. Já em 1822 ouve a primeira demarcação de uma área de 36 mil hectares. Em 1952 acontece a retomada da Fazenda Canto e posteriormente a criação de um GT da FUNAI (Fundação Nacional do Índio) para estudar a área, este processo foi acontecendo sucessivamente nas demais sete aldeias hoje existentes em Palmeira dos Índios. Em 2008 foi publicado o decreto para demarcação da terra e em 2010, o Ministério da justiça oficializou uma área de 7.033 hectares como Terra Xukuru Kariri. Devido à morosidade da FUNAI o meio que o povo achou de pressionar e garantir que a terra seja demarcada foi FAZENDO RETOMADA da área da família Medeiros em novembro deste ano. A terra já esta sendo preparada pelos índios para o plantio de feijão de corda, tomate, pimentão, coentro, quiabo, cenoura, maxixe, chuchu, salsa, beterraba, alface, couve, repolho, girassol, andu e cebolinha. O maior desejo dos índios é que a terra cumpra sua função social e o povo trabalhe produzindo comida e não alimente a ociosidade.
Segundo as lideranças indígenas já aconteceram nesta área o encontro de educação dos índios de Alagoas, reunião com a FUNAI e Ministério Público. A retomada é das famílias por isso estão acontecendo aulas de 1ª a 5ª séries e estão com famílias das aldeias Fazenda Canto, Coité, Mata da Cafurna e Cafurna de Baixo somando aproximadamente 170 famílias em retomada. Até o momento não tiveram assistência de saúde e a FUNAI só apareceu depois de cinco dias da terra retomada bem como não houve nenhum dialogo por parte da Presidência da República.
O anseio do povo é pela criação de um GT para poder fazer levantamento fundiário da área, demarcação física, homologação e desintrusão da área que estão ocupando e das demais áreas indígenas do município de Palmeira dos Índios. Os índios pretendem tornar a terra retomada em uma área produtiva para poder colherem os frutos de seu trabalho coletivo. Isso pretendem fazer em alguns meses, pois estão preparando a terra para plantar e torná-la em uma área de reflorestamento, pois a preservação da natureza é fundamental para o povo.
Uma das nossas preocupações enquanto Xukuru Kariri tem sido com os pequenos agricultores que estão nas áreas da demarcação, por isso desejam que o INCRA indenize e reassente com dignidade os mesmos porque também são vitimas da colonização feita no Brasil e em Palmeira dos Índios.
A força e resistência vêm de suas tradições e rituais, pois ouve um processo de preparação para a retomada, e todos os dias dançam o toré como forma de manterem-se fortes. Também as parcerias e articulações dentro e fora do estado de Alagoas garantem apoio para luta como, por exemplo: o CIMI (Conselho Indigenista Missionário) Centro de Pesquisa e Documentação Maninha Xukuru Kariri, FACESTA (Faculdade Católica São Tomás Áquino , CPT (Comissão Pastoral da Terra), RECID (Rede de Educação Cidadã), UFAL (Universidade Federal de Alagoas), APOINMI (Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo. E os Povos In dígenas de Alagoas: Jeripankó, Kuiupanká, Katoquinn, Karapotó, Kariri Xocó e outros povos como Wassu Cocal, Pankararu e Xukuru de Orurubá.
Palmeira dos Índios, 17 de novembro de 2011
Suyane Souza
Coletivo de Comunicação da RECID
Região do Agreste
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