quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Carta Pedagógica do Encontro Macro Nordeste da RECID




Companheirada,
Reunidos na chuvosa e acolhedora cidade Pedro II, Piauí, de 18 a 22 de janeiro, os/as educadores da Recid, realizaram o Encontro Macro Regional, que contou com nove estados da região Nordeste do país, embalados pelo lema: “Da força do povo, brota um Nordeste novo”, rumo ao XI Encontro nacional da Recid.
Com muita determinação, a companheirada da caravana andou por este nordeste com expectativa e convicção. Junto aos demais que chegaram de avião, logo o trabalho começou e fomos envolvidos por muita mística, reflexão e transpiração. Quem disse que ser educador é tarefa fácil?
Difícil foi perceber, na análise de conjuntura que o “monstro é mesmo grande e pisa forte”, apontando desafios imensos para os educadores da Rede. O professor Francisco Mesquita, da UFPI, provocou e lançou nosso olhar para o desenvolvimento do capitalismo no nordeste e aos projetos que estão colocados para a região. Quanta ganância e manipulação!
O projeto desenvolvimentista para o nordeste precisa ser aprofundado por aqueles que o querem transformado. No carrossel das resistências a indignação realmente nos tomou. Vimos o Maranhão em luta pela dignidade botando no banco dos réus os maus feitores e os bacharéis, com o Tribunal Popular do Judiciário. A luta do Cearense para convivência com seu sertão, buscando água e cisterna de emancipação. Paraíba vem tentando, com paciente mobilização, produzir a agroecologia de um novo Brasil de novos dias; Alagoas vem sofrendo com a intolerância religiosa e vendo seus peixes sumir de um São Francisco que ta tentando resistir. Rio grande do Norte, forte, contra a prefeita Micarla e a corrupção buscou nas redes sociais a parceria e a mobilização e na Chapada do Apodi, foca luta contra o agronegócio. Piauí nos fala dos companheiros/as presos de forma arbitrária lembrando os coronéis de uma ditadura de bem pouco atrás. A Bahia, como muito do território nacional, enfrenta o agronegócio e ainda sofre e resiste ao avanço da planta daninha, o eucalipto não da comida a ninguém, nem aos poucos trabalhadores a quem a lavoura convém. Assim também entende o Sergipe que quer, ao invés de morte e poluição, a universidade pública para o campo e o sertão. Por fim o Pernambuco, buscando a costura entre o campo e a cidade nos faz memória da importante tarefa de unificação.

Vendo tanta injustiça e humilhação, fomos motivados a manifestar nossa solidariedade àqueles que aqui no estado se levantaram pela locomoção. Não podemos calar com tanto abuso ao direito humano de manifestar suas lutas na busca pelo direito comum de ir e vir com dignidade.
Em construção coletiva e na tentativa de definir os eixos estratégicos de trabalho para os próximos três anos na Recid, fizemos o esforço de pensar sobre nossa prática e olhar para nosso horizonte político: o Projeto popular para o Brasil. Também contribuímos na redação e conteúdo do nosso texto base para orientar nossa ação rumo a utopia da transformação.
Nosso encontro fez memória das lutas do povo nordestino, nas místicas e canções, trazendo a certeza de que o futuro já ta vindo, há mais tempo, e por muitas mãos. Da força do povo, brota um nordeste novo, com a Recid e o campo popular.
Sugerimos que nosso encontro nacional seja recebido pela região nordeste, no estado do Pernambuco. Também que o debate dos eixos estratégicos para o triênio da Recid não acabe por aqui, ainda temos a tarefa de voltar aos estados e novamente discutir. La no 11º Encontro a Rede vai definir, e o povo do nordeste, chegando um dia antes, fecha sua síntese para no debate contribuir.
E ainda, não nos esqueçamos: os nomes dos participantes para o XI encontro nacional devem chegar em Brasília até 06 de fevereiro, para neste encontro afirmar o nosso fazer do poder popular, sem atraso e entrevero. E por aqui ficamos com a certeza da utopia e das experiências que da força do povo brota um novo nordeste brasileiro.
Educadores/as populares da Recid no Nordeste
Pedro II - PI, 22 de janeiro.

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