terça-feira, 29 de maio de 2012

UMA ESPERANÇA Clarice Lispector

UMA ESPERANÇA
Clarice Lispector

Aqui em casa pousou uma esperança. Não a clássica, que tantas vezes verifica-se ser ilusória, embora mesmo assim nos sustente sempre. Mas a outra, bem concreta e verde: o inseto.
Houve um grito abafado de um de meus filhos:
- Uma esperança! e na parede, bem em cima de sua cadeira! Emoção dele também que unia em uma só as duas esperanças, já tem idade para isso. Antes surpresa minha: esperança é coisa secreta e costuma pousar diretamente em mim, sem ninguém saber, e não acima de minha cabeça numa parede. Pequeno rebuliço: mas era indubitável, lá estava ela, e mais magra e verde não poderia ser.
- Ela quase não tem corpo, queixei-me.
- Ela só tem alma, explicou meu filho e, como filhos são uma surpresa para nós, descobri com surpresa que ele falava das duas esperanças.
Ela caminhava devagar sobre os fiapos das longas pernas, por entre os quadros da parede. Três vezes tentou renitente uma saída entre dois quadros, três vezes teve que retroceder caminho. Custava a aprender.
- Ela é burrinha, comentou o menino.
- Sei disso, respondi um pouco trágica.
- Está agora procurando outro caminho, olhe, coitada, como ela hesita.
- Sei, é assim mesmo.
- Parece que esperança não tem olhos, mamãe, é guiada pelas antenas.
- Sei, continuei mais infeliz ainda.
Ali ficamos, não sei quanto tempo olhando. Vigiando-a como se vigiava na Grécia ou em Roma o começo de fogo do lar para que não se apagasse.
- Ela se esqueceu de que pode voar, mamãe, e pensa que só pode andar devagar assim.
Andava mesmo devagar - estaria por acaso ferida? Ah não, senão de um modo ou de outro escorreria sangue, tem sido sempre assim comigo.
Foi então que farejando o mundo que é comível, saiu de trás de um quadro uma aranha. Não uma aranha, mas me parecia "a" aranha. Andando pela sua teia invisível, parecia transladar-se maciamente no ar. Ela queria a esperança. Mas nós também queríamos e, oh! Deus, queríamos menos que comê-la. Meu filho foi buscar a vassoura. Eu disse fracamente, confusa, sem saber se chegara infelizmente a hora certa de perder a esperança:
- É que não se mata aranha, me disseram que traz sorte...
- Mas ela vai esmigalhar a esperança! respondeu o menino com ferocidade.
- Preciso falar com a empregada para limpar atrás dos quadros - falei sentindo a frase deslocada e ouvindo o certo cansaço que havia na minha voz. Depois devaneei um pouco de como eu seria sucinta e misteriosa com a empregada: eu lhe diria apenas: você faz o favor de facilitar o caminho da esperança.
O menino, morta a aranha, fez um trocadilho, com o inseto e a nossa esperança. Meu outro filho, que estava vendo televisão, ouviu e riu de prazer. Não havia dúvida: a esperança pousara em casa, alma e corpo.
Mas como é bonito o inseto: mais pousa que vive, é um esqueletinho verde, e tem uma forma tão delicada que isso explica por que eu, que gosto de pegar nas coisas, nunca tentei pegá-la.
Uma vez, aliás, agora é que me lembro, uma esperança bem menor que esta, pousara no meu braço. Não senti nada, de tão leve que era, foi só visualmente que tomei consciência de sua presença. Encabulei com a delicadeza. Eu não mexia o braço e pensei: "e essa agora? que devo fazer?" Em verdade nada fiz. Fiquei extremamente quieta como se uma flor tivesse nascido em mim. Depois não me lembro mais o que aconteceu. E, acho que não aconteceu nada.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Terça, 22 de maio de 2012

Apelo público dos ex-ministros pelo veto integral do Código Florestal

"Pedimos à presidente Dilma o veto integral dos retrocessos contidos no projeto de lei aprovado pela Câmara, que reduz a proteção às florestas", escrevem os ex-ministros brasileiros do Meio Ambiente, em apelo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 22-05-2012.
Eis o apelo.
Nós, do Fórum dos Ex-Ministros do Meio Ambiente do Brasil, dirigimos um apelo público à presidente da República a respeito do projeto de lei 1976/99, aprovado pela Câmara dos Deputados com alterações ao Código Florestal.

Reconhecemos e destacamos o compromisso da presidente Dilma, assumido ainda quando ela era candidata e reafirmado reiteradas vezes nos últimos meses (inclusive durante uma audiência com os representantes do Fórum de Ex-Ministros do Meio Ambiente em maio de 2011), de vetar qualquer alteração na legislação brasileira que represente um aumento de desmatamento ou a anistia daqueles que desmataram ilegalmente.

Nós observamos também que esse compromisso, que é amplamente apoiado pela opinião pública brasileira, reflete os interesses maiores da nação, dos quais a presidente é a fiel depositária.

Comitê Nacional em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável e diferentes setores da academia, da sociedade civil e do setor produtivo têm demonstrado enorme preocupação com as consequências da sanção do projeto de lei aprovado pela Câmara dos Deputados.

Todos pedem o veto integral dos retrocessos contidos no texto. Eles reduzem drasticamente o status de proteção das florestas no Brasil, bem como a governança socioambiental construída nas últimas décadas. Mais de 2 milhões de pessoas se manifestaram através de abaixo-assinado nesse sentido.

Em nome do fórum de ex-ministros, solicitamos que a presidente, em coerência com o seu compromisso e com os anseios da sociedade, vete integralmente toda e qualquer norma de caráter permanente ou transitório que:

- Sinalize ao país a possibilidade presente e futura de anistia;

- Permita a impunidade em relação ao desmatamento;

- Descaracterize a definição de florestas, que está consagrada na legislação vigente;

- Reduza direta ou indiretamente a proteção do capital natural associado às florestas;

- Fragilize os serviços prestados por elas;

- Dificulte, esvazie ou desestimule mecanismos para a restauração;

- Ou, ainda, fragilize a governança socioambiental.

Ao mesmo tempo, nós entendemos que continua necessário construir um quadro de referência normativo estratégico, alinhado com os desafios contemporâneos, de modo a valorizar o conjunto de nossas florestas.

Para tanto, a partir da experiência acumulada no serviço público ao longo de tantos anos, assim como da diversidade de seus membros, o fórum se coloca à disposição para apoiar, da forma que for julgada mais oportuna, a elaboração e tramitação no Legislativo de uma proposta que vise uma política florestal sustentável -e que, portanto, valorize as funções de conservação, de recuperação e de uso econômico do capital natural associado às nossas florestas.

Os autores são os membros do Fórum de Ex-Ministros de Meio Ambiente do Brasil:
CARLOS MINC, 60, ministro entre 2008 e 2010 (governo Lula)
MARINA SILVA, 54, ministra entre 2003 e 2008 (Lula)
JOSÉ CARLOS CARVALHO, 59, ministro em 2002 (FHC)
JOSÉ SARNEY FILHO, 54, ministro de 1999 a 2002 (FHC)
GUSTAVO KRAUSE, 65, ministro de 1995 a 1998 (FHC)
HENRIQUE BRANDÃO CAVALCANTI, 83, ministro em 1994 (governo Itamar Franco)
RUBENS RICUPERO, 75, ministro entre 1993 e 1994 (governo Itamar)
FERNANDO COUTINHO JORGE, 72, ministro entre 1992 e 1993 (governo Itamar)
JOSÉ GOLDEMBERG, 83, secretário do Meio Ambiente em 1992 (governo Collor)
PAULO NOGUEIRA NETO, 90, foi secretário especial do Meio Ambiente entre 1973 e 1985 (governos Médici, Geisel e Figueiredo)

Terça, 22 de maio de 2012

Minc afirma que Dilma pode vetar até 14 artigos

O ex-ministro do Meio Ambiente e atual secretário do Ambiente no Rio, Carlos Minc, afirmou ontem que a presidente Dilma Rousseff deverá vetar "algo como 12 ou 14 artigos" do Código Florestal aprovado na Câmara.
A reportagem é de Felipe Werneck e publicada pelo jornal Estado de S. Paulo, 22-05-2012.
Segundo ele, será editada em seguida Medida Provisória (MP) para "impedir que haja um vácuo legislativo".

"O que está se estudando não é se ela (Dilma) veta ou não, mas a extensão do veto. Além disso, também estão estudando os termos da MP, porque a decisão precisa ter sustentabilidade ambiental e política. Não adianta vetar tudo e o veto ser derrubado", disse Minc. "Estou convencido de que é isso o que a presidente fará, até porque falei com ela mais de uma vez sobre esse assunto recentemente." Em evento no Palácio da Cidade, Minc afirmou que Dilma "não vai permitir que a Rio+20 seja marcada por uma posição de recuo do Brasil em relação à proteção das suas florestas". "Ao mesmo tempo, está tomando todas as precauções para que essa medida se mantenha politicamente." Segundo ele, serão vetados "artigos estruturantes, onde está anistia, redução de APPs, desproteção de margens de rios e possibilidade de ter pecuária nas encostas, o que gera uma erosão brutal".

"Deve incorporar coisas que o Senado colocou e a Câmara passou a motosserra, mas estabelecer por exemplo tratamento diferenciado para agricultura familiar, vetar expressamente a pecuária nas encostas e ampliar a proteção das bacias hidrográficas mais fragilizadas."

A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, reiterou também que a presidente Dilma Rousseff vai vetar parte do texto aprovado na Câmara dos Deputados.

"Vai ter veto e o prazo é dia 25. Vai ter veto e qual é? Ela é que sabe", disse Ideli, apontando para a presidente Dilma Rousseff. Ambas participaram da cerimônia de assinatura da ordem de serviço da Ponte de Cabeçuda, em Laguna (SC). Hoje, Dilma deve se reunir mais uma vez com a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

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Terça, 22 de maio de 2012

Dilma consulta ministros sobre veto ao código

As discussões do governo em torno do veto ao novo Código Florestal se prolongaram no último fim de semana e continuam a todo vapor mesmo com o prazo para apreciação encerrando-se nesta semana. Hoje, a presidente Dilma Rousseff vai se reunir novamente com ministros para discutir o texto. No último fim de semana, vários ministros foram convocados ao Palácio da Alvorada e a expectativa de todos é que o veto fique para a última hora, quando deverá ser editado, se necessário, um Diário Oficial extraordinário.
A reportagem é de Yvna Sousa e Tarso Veloso e publicada pelo jornal Valor, 22-05-2012.

presidente Dilma tem até o dia 25 deste mês para sancionar ou vetar - parcial ou totalmente - o texto do novo Código Florestal, aprovado pela Câmara dos Deputados no último dia 25 por 274 votos. Fontes do governo informam que a presidente vai vetar parcialmente os dois pontos mais polêmicos: a possibilidade de anistia a quem desmatou ilegalmente e a redução dos parâmetros de proteção de áreas de preservação permanente (APPs).

Ontem, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse que Dilma está fazendo um estudo "hipermeticuloso" sobre o projeto do novo Código Florestal aprovado pelo Congresso. Para Carvalho, a tendência é de que ela use todo o tempo de que dispõe.

"Ela está chamando gente para dar o máximo de subsídios", declarou ao chegar a seminário sobre políticas públicas para jovens. Na última semana, Dilma se reuniu três dias seguidos com a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. No sábado e no domingo, ela também convocou os ministros da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário ao Palácio da Alvorada para tratar do assunto.

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, disse que o "produto final" aprovado pela Câmara "não permite a sanção" por conter "brutais contradições". "Estamos fazendo uma análise detalhada vendo o que tem consistência e pode permanecer". O ministro elencou como pontos críticos a não-diferenciação entre pequenos e grandes produtores e a anistia aos que desmataram ilegalmente.

A dúvida do governo, segundo as fontes, é a forma como será apresentada a substituição dos artigos vetados. Atualmente, duas opções ganham força: uma medida provisória com a definição das APPs ou o apoio a um projeto de lei apresentado pelos senadores Jorge Viana (PT-AC) e Luiz Henrique (PMDB-SC).

O projeto do Senado reestabelece dispositivos retirados do texto pela Câmara dos Deputados. Os senadores querem criar salvaguardas para proteger os rios e retomar a obrigatoriedade de recomposição de florestas em todas as faixas de curso d'água. No texto aprovado pela Câmara, apenas cursos d'água de até 10 metros foram contemplados com a preservação de 15 metros de mata nativa.

Minc afirma que Dilma pode vetar até 14 artigos

O ex-ministro do Meio Ambiente e atual secretário do Ambiente no Rio, Carlos Minc, afirmou ontem que a presidente Dilma Rousseff deverá vetar "algo como 12 ou 14 artigos" do Código Florestal aprovado na Câmara.
A reportagem é de Felipe Werneck e publicada pelo jornal Estado de S. Paulo, 22-05-2012.
Segundo ele, será editada em seguida Medida Provisória (MP) para "impedir que haja um vácuo legislativo".

"O que está se estudando não é se ela (Dilma) veta ou não, mas a extensão do veto. Além disso, também estão estudando os termos da MP, porque a decisão precisa ter sustentabilidade ambiental e política. Não adianta vetar tudo e o veto ser derrubado", disse Minc. "Estou convencido de que é isso o que a presidente fará, até porque falei com ela mais de uma vez sobre esse assunto recentemente." Em evento no Palácio da Cidade, Minc afirmou que Dilma "não vai permitir que a Rio+20 seja marcada por uma posição de recuo do Brasil em relação à proteção das suas florestas". "Ao mesmo tempo, está tomando todas as precauções para que essa medida se mantenha politicamente." Segundo ele, serão vetados "artigos estruturantes, onde está anistia, redução de APPs, desproteção de margens de rios e possibilidade de ter pecuária nas encostas, o que gera uma erosão brutal".

"Deve incorporar coisas que o Senado colocou e a Câmara passou a motosserra, mas estabelecer por exemplo tratamento diferenciado para agricultura familiar, vetar expressamente a pecuária nas encostas e ampliar a proteção das bacias hidrográficas mais fragilizadas."

A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, reiterou também que a presidente Dilma Rousseff vai vetar parte do texto aprovado na Câmara dos Deputados.

"Vai ter veto e o prazo é dia 25. Vai ter veto e qual é? Ela é que sabe", disse Ideli, apontando para a presidente Dilma Rousseff. Ambas participaram da cerimônia de assinatura da ordem de serviço da Ponte de Cabeçuda, em Laguna (SC). Hoje, Dilma deve se reunir mais uma vez com a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

Apelo público dos ex-ministros pelo veto integral do Código Florestal

"Pedimos à presidente Dilma o veto integral dos retrocessos contidos no projeto de lei aprovado pela Câmara, que reduz a proteção às florestas", escrevem os ex-ministros brasileiros do Meio Ambiente, em apelo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 22-05-2012.
Eis o apelo.
Nós, do Fórum dos Ex-Ministros do Meio Ambiente do Brasil, dirigimos um apelo público à presidente da República a respeito do projeto de lei 1976/99, aprovado pela Câmara dos Deputados com alterações ao Código Florestal.

Reconhecemos e destacamos o compromisso da presidente Dilma, assumido ainda quando ela era candidata e reafirmado reiteradas vezes nos últimos meses (inclusive durante uma audiência com os representantes do Fórum de Ex-Ministros do Meio Ambiente em maio de 2011), de vetar qualquer alteração na legislação brasileira que represente um aumento de desmatamento ou a anistia daqueles que desmataram ilegalmente.

Nós observamos também que esse compromisso, que é amplamente apoiado pela opinião pública brasileira, reflete os interesses maiores da nação, dos quais a presidente é a fiel depositária.

Comitê Nacional em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável e diferentes setores da academia, da sociedade civil e do setor produtivo têm demonstrado enorme preocupação com as consequências da sanção do projeto de lei aprovado pela Câmara dos Deputados.

Todos pedem o veto integral dos retrocessos contidos no texto. Eles reduzem drasticamente o status de proteção das florestas no Brasil, bem como a governança socioambiental construída nas últimas décadas. Mais de 2 milhões de pessoas se manifestaram através de abaixo-assinado nesse sentido.

Em nome do fórum de ex-ministros, solicitamos que a presidente, em coerência com o seu compromisso e com os anseios da sociedade, vete integralmente toda e qualquer norma de caráter permanente ou transitório que:

- Sinalize ao país a possibilidade presente e futura de anistia;

- Permita a impunidade em relação ao desmatamento;

- Descaracterize a definição de florestas, que está consagrada na legislação vigente;

- Reduza direta ou indiretamente a proteção do capital natural associado às florestas;

- Fragilize os serviços prestados por elas;

- Dificulte, esvazie ou desestimule mecanismos para a restauração;

- Ou, ainda, fragilize a governança socioambiental.

Ao mesmo tempo, nós entendemos que continua necessário construir um quadro de referência normativo estratégico, alinhado com os desafios contemporâneos, de modo a valorizar o conjunto de nossas florestas.

Para tanto, a partir da experiência acumulada no serviço público ao longo de tantos anos, assim como da diversidade de seus membros, o fórum se coloca à disposição para apoiar, da forma que for julgada mais oportuna, a elaboração e tramitação no Legislativo de uma proposta que vise uma política florestal sustentável -e que, portanto, valorize as funções de conservação, de recuperação e de uso econômico do capital natural associado às nossas florestas.

Os autores são os membros do Fórum de Ex-Ministros de Meio Ambiente do Brasil:
CARLOS MINC, 60, ministro entre 2008 e 2010 (governo Lula)
MARINA SILVA, 54, ministra entre 2003 e 2008 (Lula)
JOSÉ CARLOS CARVALHO, 59, ministro em 2002 (FHC)
JOSÉ SARNEY FILHO, 54, ministro de 1999 a 2002 (FHC)
GUSTAVO KRAUSE, 65, ministro de 1995 a 1998 (FHC)
HENRIQUE BRANDÃO CAVALCANTI, 83, ministro em 1994 (governo Itamar Franco)
RUBENS RICUPERO, 75, ministro entre 1993 e 1994 (governo Itamar)
FERNANDO COUTINHO JORGE, 72, ministro entre 1992 e 1993 (governo Itamar)
JOSÉ GOLDEMBERG, 83, secretário do Meio Ambiente em 1992 (governo Collor)
PAULO NOGUEIRA NETO, 90, foi secretário especial do Meio Ambiente entre 1973 e 1985 (governos Médici, Geisel e Figueiredo)

Impasses políticos globais devem levar conferência a fiasco

Terça, 22 de maio de 2012

Impasses políticos globais devem levar conferência a fiasco

Rio+20 não trará resultados consistentes. O fracasso da conferência não virá da sua já tão falada falta de foco, mas da atual dinâmica internacional, marcada pelo fracasso da ONU em resolver grandes impasses.

A análise é de Eduardo Violaprofessor de relações internacionais da UnB e especialista em política das mudanças climáticas.

A entrevista é de Andrea Vialli e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 22-05-2012.

Natural de Buenos Aires e radicado no Brasil desde 1976, Viola afirma também que a falta de consenso dos países quanto à própria definição de economia verde contribui para que as discussões da Rio+20 sejam inócuas.

Eis a entrevista.

Podemos esperar resultados práticos da Rio+20?

Devemos esperar pouco, pois essa é uma conferência que não tem peso. O cenário é de impasse, de bloqueio. Os países não estão dispostos a discutir desenvolvimento sustentável, por isso não será uma conferência relevante.

Mas o papel do Brasil, como anfitrião, não é tornar a conferência relevante?

O governo brasileiro não está se esforçando o suficiente, do ponto de vista da política internacional.
E as posições do Brasil são de extrema pobreza, eu diria. Uma verdadeira regressão em comparação às metas arrojadas de redução das emissões de carbono que o governo Lula apresentou em 2009, durante a conferência do clima de Copenhague.

Mas o fracasso da Rio+20 não se deve só ao governo brasileiro. Tem a ver com a estrutura proposta pela ONU, de construção de consensos, que está totalmente obsoleta. A questão central é que o mundo está dividido. No sistema internacional atual existem três superpotências, Estados Unidos, União Europeia e China, e cinco grandes potências, Japão, Índia, Brasil, Rússia e Coreia do Sul.
As decisões importantes giram em torno da dinâmica entre Estados Unidos e China, que são forças poderosas na geopolítica global, mas têm posturas conservadoras em relação a avançar em uma economia de baixo carbono.
Do ponto de vista do mercado, desde 2008 a China tem feito investimentos pesados em energias renováveis, por exemplo, mas se opõe ferozmente a qualquer avanço na governança ambiental. Já os EUA são um país extremamente polarizado internamente, não avançam na adoção de posturas mais abertas à sustentabilidade.
As superpotências conservadoras, EUA e China, se escondem uma atrás da outra para justificar os limites de suas posições. É esse impasse que vai impossibilitar qualquer avanço na Rio+20.

E quais são os países que podem liderar a transição para a economia de baixo carbono?

Das oito potências, apenas uma, a União Europeia, tem uma posição avançada, enfatizando a necessidade de criar uma organização mundial ambiental. A Coreia do Sul e o Japão têm posições próximas às da União Europeia, mas mais tímidas.

E o Brasil, como se posiciona nesse cenário?

O Brasil também não quer avançar na construção de uma governança ambiental global. Está no meio do caminho, junto com países como Canadá, África do Sul, Indonésia e Turquia. Mas continua muito atrelado ao Basic [grupo formado por três países de matriz energética altamente poluente, China, Índia e África do Sul] e ao G77, que inclui os países pobres, nas negociações internacionais. É uma posição contraditória, pois o Brasil poderia se posicionar como um líder na transição para a economia de baixo carbono.

O Brasil defende que sua matriz energética é muito mais limpa do que a média global.

Temos a matriz energética mais limpa das oito potências e um programa de biocombustíveis que funciona desde a década de 1970. Além disso, houve momentos em que predominaram forças mais reformistas em termos de governança ambiental.
Mas no governo de Dilma Rousseff voltamos a um estágio muito conservador. Nossa política industrial é protecionista, pouco inovadora e sequer menciona a transição para a economia de baixo carbono. A própria Lei Nacional de Mudanças Climáticas, que foi o ponto alto das forças inovadoras, agora está parada, sem implementação.

Há 20 anos, às vésperas da Eco-92, também havia o sentimento de que a conferência da ONU não traria resultados.

Eco-92 foi bem diferente. Na época, estavam emergindo problemas ambientais globais, havia a necessidade de uma retórica diferente sobre o mundo. Infelizmente, o que discutimos é um repeteco do que se falou há 20 anos.

Qual sua opinião sobre o conceito de economia verde, tema central da Rio+20? Não há consenso sobre ele.

Para funcionar, tem de ter uma métrica para água, uma para qualidade do ar, para biodiversidade etc. Por isso é mais interessante falar em economia de baixo carbono, porque já existem métricas.
A criação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, que o Brasil apoia, seria um bom resultado da Rio+20, mas é preciso ter indicadores factíveis para medir o progresso. Se em vez de economia verde a Rio+20 discutisse planos de ação para a economia de baixo carbono, com métricas bem definidas, aí teríamos algum sucesso. Mas não é o que vai acontecer.

Terça, 22 de maio de 2012

Por uma nova governança global

"A Rio+20 tende a ser um fracasso devido à situação atual do sistema internacional, mas o Brasil poderia jogar no campo reformista e responsável, unindo-se às posições da União Europeia na defesa de uma organização mundial ambiental e numa definição precisa de uma economia de baixo carbono", escrevem Marina Silva, ambientalista e ex-ministra do Meio Ambiente, e Eduardo Violaprofessor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, em artigo publicado no sítio Planeta Sustentável, 21-05-2012.
Eis o artigo.
A realização da conferência Rio+20 oferece uma excelente oportunidade para discutir com consistência e profundidade A governança ambiental global e a transição para uma nova economia que contribua para promover o desenvolvimento sustentável em todas as suas dimensões — social, cultural, ambiental, econômica, política e ética. Apesar dos esforços da maioria dos governos para separar a decisiva questão da mudança climática da agenda da conferência, ela está na base dos desafios da humanidade. A estabilidade do clima é um pressuposto da civilização humana desde a revolução neolítica. Os números gigantescos da população (7 bilhões), do PIB mundial (60 trilhões de dólares) e das emissões de gases estufa (50 bilhões de toneladas de CO2 equivalente) ameaçam gravemente sete dos dez limiares planetários: os ciclos do nitrogênio e do fósforo, a mudança climática, a erosão da biodiversidade, a acidificação dos oceanos, as mudanças do uso do solo e a escassez de água doce. Por isso é fundamental mostrar claramente a situação atual do sistema internacional e as dificuldades para levar adiante essa agenda. 

No sistema internacional atual existem três superpotências (Estados UnidosUnião Europeia e China) e cinco grandes potências (JapãoÍndiaBrasilRússia eCoreia do Sul). Elas são as principais responsáveis pelos problemas ambientais e climáticos que enfrentamos porque são grandes emissoras de gases de efeito estufa e exploram recursos naturais em grande escala. Elas também têm a capacidade de encaminhar sua solução porque possuem capital humano e tecnológico para mudar o paradigma econômico, determinante na construção de uma governança global à altura dos desafios atuais. 

As extremas dificuldades para avançar no momento se devem ao fato de que, das oito potências, apenas uma, a União Europeia, tem uma posição consistente (mesmo que insuficiente), enfatizando a necessidade de criar uma organização mundial ambiental. A Coreia do Sul e o Japão têm posições próximas às da União Europeia, porém mais tímidas. No extremo oposto conservador, encontram-se a Rússia e a Índia, que, por diferentes razões, não se comprometem com a governança global e com a transição para o baixo carbono

Os Estados Unidos são um país extremamente dividido e polarizado, com um campo reformista liderado pelo presidente Barack Obama, favorável a posições mais responsáveis, e com outro campo conservador, constituído pelo Partido Republicano. Isso acaba produzindo efeitos deletérios tanto internamente quanto sobre o sistema internacional. As eleições gerais deste ano podem significar uma oportunidade de evolução, mas seria necessário priorizar uma nova política climática e energética.

China teve uma posição extremamente irresponsável até 2008, mas, desde então, vem avançando a passos largos em investimentos de baixo carbono e de maior responsabilidade nas negociações internacionais, apesar de ainda ser insuficientes. As duas superpotências conservadoras (Estados Unidos e China) se escondem uma atrás da outra para justificar os limites de suas posições. 

Brasil se encontra numa posição contraditória. Do lado positivo, tem a matriz energética mais limpa das oito potências, reduziu emissões no período 2005-2009, tem o maior programa de biocombustíveis do mundo e aprovou uma avançada lei de mudança climática em fins de 2009. Do lado negativo, o Brasil continua atrelado aoBasic (grupo formado por três países de matriz energética altamente intensiva em carbono — a China, a Índia e a África do Sul — e um país — o Brasil — de matriz energética de média intensidade de carbono) e ao G77 nas negociações internacionais. Além disso, o Brasil vem colocando excessiva quantidade de recursos na exploração do pré-sal, mas está muito atrasado no desenvolvimento da energia solar fotovoltaica, de biomassa e eólica e na implementação da lei de mudanças climáticas. E mais, corre sério risco de retrocesso com a aprovação do novo Código Florestal, que deverá interromper o ciclo de redução do desmatamento na Amazônia e nos demais biomas. 

A CRIAÇÃO DA ONUMA

A proposta para a criação de uma Organização das Nações Unidas para o Ambiente (Onuma) surgiu no contexto da publicação do 4o Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), em fevereiro de 2007, apontando a dramaticidade da crise climática e a necessidade de adoção de medidas urgentes pelas nações. Ela é oportuna porque o pilar ambiental da governança internacional é hoje extremamente fragmentado e frágil em relação ao pilar econômico. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) tem uma missão muito limitada, o que deu origem à criação de múltiplas organizações associadas a convenções ambientais. Em geral, essas convenções dialogam pouco entre si, apesar da extrema interdependência entre os diferentes problemas ambientais. A Comissão de Desenvolvimento Sustentável da ONU não tem mandato adequado, e seus resultados são bastante questionados. 

Pnuma enfrenta o problema da falta de financiamento. Ao contrário de outras organizações internacionais, não recebe contribuições obrigatórias, somente voluntárias, dos Estados membros da ONU, o que limita sua capacidade de planejamento e autonomia. A Declaração de Nairóbi sobre o papel e o mandato do Pnuma diz que o programa deveria ser a autoridade para liderar a promoção da agenda ambiental global. Entre as principais funções, destacamos: a) supervisão, monitoramento, avaliação e elaboração de relatórios sobre o estado do meio ambiente; b) estabelecimento de uma agenda de ação, propondo e articulando normas, políticas e diretrizes; e c) desenvolvimento da capacidade institucional para enfrentar os problemas existentes e emergentes. Na questão do monitoramento, da avaliação e da elaboração de relatórios, o Pnuma tem obtido resultados significativos, como é o caso da publicação do Global Environmental Outlook. Mas eles têm sido modestos no que se refere à definição da agenda estratégica para enfrentar os problemas mais críticos. Também são tímidos os avanços na gestão de processos intergovernamentais para obter e colocar em prática acordos que lidem com a gravidade dos temas, como é o caso da crise climática. 

Além disso, o Pnuma tem enfrentado dificuldades para integrar as diferentes microorganizações e instituições surgidas em torno das convenções, bem como para elevar seu status na governança internacional a um nível similar ao do Fundo Monetário Internacional, do Banco Mundial e da Organização Mundial do Comércio.

Para isso, será crucial um forte aumento no orçamento, distribuído equitativamente segundo a população e a renda per capita dos países. 

Defendemos que o Pnuma seja a semente para o surgimento da Onuma. Que ajude a criar progressivamente as condições para impulsionar transversalidade à temática ambiental no plano multilateral, promovendo diálogos e estruturando processos integrados com as demais agências multilaterais do sistema ONU, como é o caso daOMC

Para tanto, é fundamental ampliar o status do tema ambiental no sistema ONU. Num mundo em que se agravam os conflitos socioambientais nos âmbitos nacional, regional e internacional, em que o aumento dos refugiados ambientais é uma realidade, é necessário que o arcabouço institucional conte com uma organização habilitada e com mandato para ajudar os governos a lidar com as complexas situações litigiosas, que se tornarão cada vez mais frequentes, inclusive na área comercial. 

A proposta de criação da Onuma enfrenta diversas resistências, especialmente dos atuais maiores emissores de gases de efeito estufa, como é o caso dos Brics e dosEstados Unidos. Um dos fortes argumentos que fundamentam essa posição seria o temor de que o fortalecimento das políticas ambientais globais crie dificuldades para o desenvolvimento econômico convencional e para os esforços de erradicação da pobreza. No entanto, entendemos que é justamente lidando em profundidade com o desafio de respeitar a capacidade de suporte dos ecossistemas do planeta que teremos condições de gerar desenvolvimento, inclusão social e qualidade de vida para todos e para as futuras gerações. 

PERDA DE FOCO
A evolução dos trabalhos preparatórios da Rio+20 mostra que a dimensão da sustentabilidade do desenvolvimento está sendo bastante diluída em uma agenda excessivamente abrangente, que resulta na perda de foco dos esforços de coordenação internacional na área da mudança climática e do meio ambiente. A Rio+20deveria representar um momento fundamental para conferir conteúdo concreto ao pilar climático e ambiental do desenvolvimento sustentável. Além disso, essa dimensão não deveria ser esvaziada, como está acontecendo, no interior de uma agenda genérica, sem foco e com erros significativos no que se refere ao pilar social, que deveria ser definido como sociopolítico, para incluir a dimensão fundamental da governança em todos os níveis (global, nacional e subnacional). O combate à pobreza e ainclusão social devem se basear não somente na redução da desigualdade de renda, mas, principalmente, no acesso aos recursos naturais, dados o limite de disponibilidade e a crescente pressão sobre seu uso. 

É fundamental o papel anfitrião do Brasil nesse contexto internacional desfavorável. Somos um ator de primeira grandeza em tudo o que se refere à agenda climática e ambiental. Os ativos na área energética, hídrica, agrícola, florestal e de toda a biodiversidade tornam o Brasil um participante crucial, mesmo que não tenha o poder das superpotências. Não podemos fugir à responsabilidade de contribuir para a construção de uma agenda avançada com objetivos ambiciosos. A Rio+20 tende a ser um fracasso devido à situação atual do sistema internacional, mas o Brasil poderia jogar no campo reformista e responsável, unindo-se às posições da União Europeia na defesa de uma organização mundial ambiental e numa definição precisa de uma economia de baixo carbono

As estratégias e alianças do Brasil deveriam ser pautadas combinando-se os objetivos de defender os interesses do país com a realidade imposta pelas mudanças climáticas. Por suas vantagens, o Brasil é, entre os oito grandes, o que mais converge o interesse nacional com a necessidade imperativa de uma transição para uma nova economia. Todos os países — ricos e pobres — se beneficiarão da adoção de uma agenda sustentável comum e, sem dúvida, aqui vale o princípio de que quem pode mais deve contribuir mais. 

Como resposta à crise econômica de 2008, diversos países adotaram, em seus pacotes de estímulo, um conjunto de medidas voltadas para o aumento dos princípios de sustentabilidade em suas economias para que sua recuperação não seja mais do tradicional crescimento pela alta emissão de carbono. Os pacotes de estímulos anunciados por Coreia do SulChina e Alemanha foram os que continham o maior componente de crescimento de baixo carbono (80% o primeiro, 35% o segundo e 25% o terceiro), embora medidas de incentivo de conteúdo semelhante tenham sido adotadas numa escala menor na maioria dos países da Europa, nos Estados Unidos e no Japão

Exceto no caso dos favorecimentos temporários a aparelhos da linha branca de maior economia de energia, o Brasil praticamente ignorou a dimensão climática em seus pacotes de estímulos adotados depois de 2008. As diferentes políticas para estimular a produção e o consumo de automóveis não incluem incentivos a uma eficiência energética e a descarbonização consequente — que, entre outras coisas, implicaria promover carros de etanol puro e não flex, já que estes têm sérios problemas de eficiência energética. A promoção do transporte coletivo ficou até agora no plano da retórica. Com um transporte de cargas feito fundamentalmente por caminhões, oBrasil tem um dos piores desempenhos em crescimento de emissões e ineficiência logística. As políticas econômicas e sociais precisam ser coerentes com a transição para uma nova economia, já que, com elas, a economia brasileira ganharia em competitividade internacional no longo prazo e elevaria extraordinariamente a qualidade de vida da população. Uma revolução no sistema educacional — nos conteúdos, nas metodologias de aprendizado, na qualificação dos professores e na relação entre escola e empresa/mercado de trabalho — torna-se um imperativo inescapável para essa transição.

SITUAÇÃO DA SAÚDE DOS POVOS INDÍGENAS DE ALAGOAS E SERGIPE

Nós, lideranças e representantes dos povos indígenas Katokinn, Giripankó, Karapotó de Terra Nova, Xukuru-Kariri e Wassu/AL e XoKó/SE. Reunidos nos dias 16 e 17 de maio de 2012 na comunidade Fazenda Canto município de Palmeira dos Índios –AL, discutindo a situação vivenciada pelos povos indígenas e suas comunidades que desde 1999 lutamos pela não municipalização e terceirização da saúde dos povos indígenas, fomos desrespeitados e obrigados a aceitar um modelo de saúde que nunca defendemos, e que vem ao longo do tempo retirando todos os direitos conquistados através de lutas travadas pelos povos indígenas. Diante disso exigimos que sejam garantidos os nossos direitos e atendidas as nossas reivindicações que são:
1.      As estruturas dos polos de base estão incompletas, e precisam da construção de outros polos base, com condições adequadas para exercer as ações de saúde com qualidade, não temos equipamentos necessários, falta medicamentos. Algumas aldeias não tem o prédio, outras necessitam de reforma e ampliação dos postos de saúde. Falta transporte para as comunidade e profissionais, até os medicamentos básicos estão faltando.
2.      As equipes de saúde estão incompletas faltam os profissionais: agentes Indígenas de Saúde, Agente Indígena de Saneamento Básico, médico, enfermeiro (a), odontologo, auxiliar de enfermagem, nutricionista, auxiliar de saúde bucal, psicólogo, endocrinologista, assistente social, farmacêutico e serviços de apoio (motorista, vigia, serviços gerais e piloto). Que os profissionais sejam capacitados para atender as necessidades de cada comunidade.
3.      Que no processo de contratação seja dada prioridade aos profissionais indígenas.
4.      Atualmente os profissionais de saúde são contratados pelo IMIP, queremos que a contratação dos profissionais de saúde seja responsabilidade da SESAI.
5.      Garantia nos atendimentos de média e alta complexidade, que sejam revistas às formas de assistência atual.
6.      Em caráter de emergência solicitamos saneamento básico adequado em nossas comunidades, como por exemplo, tratamento de água, esgoto e coleta de lixo etc.
7.      Que haja auditoria a cada semestre na prestação de contas dos recursos destinados a saúde indígena com participação de lideranças e conselho de Saúde Indígena.
8.    Que os conselheiros de saúde indigna tenham participação no direcionamento dos recursos destinados a saúde desses povos.   
9.    Exigimos transporte em quantidades e qualidade suficiente para atenderem as necessidades da demanda de cada povo.
Diante do contexto apresentado solicitamos as devidas providências em caráter emergencial e que a procuradoria acompanhe o processo de efetivação deste documento e nos mantenham informados.
 
Aldeia Fazenda Canto, 17 de maio de 2012 

quinta-feira, 10 de maio de 2012

GRITO DOS/AS EXCLUÍDOS/AS 2012

GRITO DOS/AS EXCLUÍDOS/AS 2012
Queremos um Estado a Serviço da Nação, que garanta direitos a toda população!

Seminário Educação Popular e Organização do Grito dos Excluídos 2012

Companheiros e companheiras está se aproximando o Grito dos Excluídos, o qual este ano nos faz refletir o tema: queremos um estado a serviço, da nação, que garanta direitos a toda a população. O grande objetivo deste ano é discutir esta temática nacional e voltasse para as causas da exclusão em Alagoas e nossa Região. Para isso estamos contando com todas as organizações sociais e populares para construirmos este debate e formular gestos concretos para o Grito dos Excluídos 2012.      Cada organização é um instrumento de articulação, mobilização, formação e compromisso com a causa dos excluídos e construção do projeto popular de nação.
Para isso estamos realizando o seminário de preparação e organização do Grito em nossa região, neste mesmo dia estaremos fazendo o lançamento do documentário do Grito dos Excluídos 2011 em Palmeira dos Índios, que se realizará dia 26 de maio de 2012 no Salão Paroquial Dom Bosco (ao lado da Catedral Diocesana).
Estamos esperando sua confirmação, assim poderemos está nos preparando melhor para as questões de almoço. Nossos contatos são: 99041174 (Hélio), 99887461 (Simone), 3421-6796 (Cáritas). heliomonte.pereira@gmail.com ou evasimone8@hotmail.com.

Programação

Público: representantes das pastorais sociais, movimentos sociais e populares, grupos organizados, redes, povos tradicionais, estudantes e universidades.
                                                               
Objetivos: Analisar a conjuntura e as causas da exclusão. Educação popular processos e Possibilidades. Construir o grito dos excluídos 2012.

8:00h - Chegada e acolhida
9:00h - Mística, apresentação dos participantes e expectativas.
9:30h - Roda de dialogo: Analise de conjuntura social e política e as causas da exclusão.        
  - Educação Popular ferramenta de formação e organização dos trabalhadores e trabalhadoras.  Saulo      Luders - UFAL, Inês Marcelino – RECID

10:30h – Processo histórico do grito dos excluídos e avaliação do grito 2011; Hélio RECID, Rita - Cáritas Diocesana
     - Lançamento do Filme do Grito dos Excluídos – Moisés Oliveira, Antônio Jorge e Thiago Ferreira (Ôtto Coletivo)

12:00h – Almoço

13:30h – Planejamento do grito 2012
Eixos orientadores: Pré-gritos, formação, plenária do grito, coordenação organizadora,
materiais, grito de rua, comunicação - Simone Lopes – Ôtto Coletivo



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MPDC, Cáritas, RECID, FACESTA, Escola Fé e Política, Povo Indígena Xukuru Kariri, Comunidades Quilombolas, Ôtto Coletivo, MPA, Comunidade Ariado, NCCR, Lar da Criança, UFAL.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

             Escola Fé e Política Maninha Xukuru Kariri

                                               
                                       

                                                        Carta Política


A Escola Fé e Política é um espaço de formação para uma ação política pautada na fé e na proposta do Evangelho de Jesus Cristo. Baseia-se na metodologia da construção coletiva, “troca” de saberes, na perspectiva do bem comum, sendo um convite a ação libertadora cristã na prática da cidadania consciente.
         Acreditamos numa educação em que os educadores estejam comprometidos com a prática pedagógica da transformação social, bem como a solidariedade da acolhida, reunindo-se aos seus educandos motivados a agir de forma determinante perante a realidade em que estão situados.
          Devemos primar pela coerência e pela verdade sem omitir-se diante de qualquer injustiça cometida, sem perder a convicção e a indignação.
         Nossa forma de ver o mundo deve ser atuante em relação à política e suas ações afirmativas, quando se coloca como bem público onde o monitoramente da garantia de direitos encontra-se no seio da sociedade.
         A formação é o principal instrumento na construção desta consciência, por um novo projeto de sociedade, alicerçada nos valores cristãos e pelo respeito à diversidade existente na formação sócio cultural do nosso país. 
         Motivar a participação dos educandos, no processo formativo permanente, contribuindo na sustentabilidade da escola.
         Contudo, nossa proposta pedagógica deve estar em profunda sintonia com a realidade de seus educandos, sendo aberta a releitura, no intuito de assegurar a motivação necessária durante todo seu processo.     
Que sejamos militantes orgânicos dentro de nossas organizações e comunidades.
Palmeira dos Índios, 18 de dezembro de 2011.