sexta-feira, 20 de setembro de 2013

MPF/AL aguarda decisão sobre demarcação de terras Xukuru-Kariri para os próximos dias

MPF/AL aguarda decisão sobre demarcação de terras Xukuru-Kariri para os próximos dias

Processo de levantamento fundiário foi arbitrariamente suspenso pela Funai, após ingerências políticas
A Justiça Federal irá apreciar nos próximos dias o pedido de tutela antecipada da ação movida pelo Ministério Público Federal (MPF) para que União seja obrigada a concluir a demarcação dos 7 mil hectares das terras indígenas Xukuru-Kariri, em Palmeira dos Índios. Processo que se arrasta há 24 anos devido a constantes interrupções, demoras injustificadas da Fundação Nacional do Índio (Funai), e que agora também enfrenta ingerências políticas em prol de setores ruralistas contrários à demarcação.
Após ter o pedido de antecipação de tutela indeferido, o MPF apresentou à Justiça Federal em 27 de agosto de 2013 a reiteração do pedido da ação civil pública proposta em 2012, no qual requer que a Funai e a União Federal sejam obrigadas a finalizar em 60 dias a avaliação das benfeitorias existentes em todos os imóveis localizados nas terras indígenas; e, no máximo em 12 meses, todo o procedimento demarcatório, com a concessão definitiva aos povos interessados da área delimitada na Portaria nº 4.033 do Ministério da Justiça.
A reiteração do pedido inicial também levou ao conhecimento da Justiça novos fatos que comprovam a deliberada paralisação do processo a pedido de representantes do legislativo federal, além de ilegalidades cometidas pela administração pública federal, como a arbitrária suspensão do levantamento fundiário que era realizado por técnicos da Funai.
Etapa indispensável para a conclusão da demarcação, o levantamento fundiário é assegurado pelo Decreto n.º 1175/93, que regulamenta o procedimento de demarcação de terras indígenas no Brasil. Segundo o artigo 4º do decreto, caso verificada a presença de ocupantes não índios na área sob demarcação, a Funai dará prioridade ao respectivo reassentamento, segundo o levantamento efetuado pelo grupo técnico e observada a legislação pertinente.
Em outras palavras, os pequenos produtores rurais que hoje estejam ocupando alguma área na terra indígena serão assentados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), não sendo de forma alguma prejudicados com a demarcação. Segundo a procuradora da República em Arapiraca Polireda Medeiros, além de ilegal, a conduta da Funai em suspender o processo alegando contenção de gastos causou, na verdade, danos ao erário, uma vez que os R$ 250 mil destinados aos trabalhos já estavam empenhados e alocados no orçamento.
No entendimento do MPF, levado oficialmente à Justiça, dentro do processo judicial que trata da demarcação, é fato amplamente noticiado pela imprensa a participação de políticos da bancada federal e representantes do executivo com o objetivo de paralisar o processo de demarcação - uma conquista histórica dos povos indígenas em Alagoas – para atender aos interesses de setores ruralistas do Estado.
Atraso recorde – De acordo com o MPF, a demarcação de terras indígenas em Palmeira dos Índios já pode ser considerada a segunda de maior demora por parte da Funai, atrás apenas da Raposa Serra do Sol, em Roraima, cujo processo já foi finalizado. Mas a questão envolvendo o território e direito à tradicionalidade dos Xukuru-Kariri remonta aos anos 50 do século passado. Caso a Justiça decida a favor do MPF, a União e a Funai também terão que pagar R$ 125,6 milhões por danos materiais e morais coletivos aos Xukuru-Kariri.
Saiba mais sobre a questãos do Xukuri-Kariri:

Assessoria de comunicação
Ministério Público Federal em Alagoas
82-2121-1478/8827-8847
@mpf_al

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Juventude que Ousa Lutar Constrói o Projeto Popular!

José Hélio Pereira da Silva[1]

Aconteceu de 04 a 06 de setembro em Palmeira dos Índios a III Plenária do Grito dos Excluídos com o lema: Juventude que Ousa Lutar Constrói o Poder Popular. Contando com as participações de jovens e lideranças da Cáritas Diocesana de Penedo, Cáritas Diocesana de Palmeira dos Índios, Movimento dos Pequenos Agricultores - MPA, Lar da Criança de Palmeira dos Índios, Rede de Educação Cidadã - Recid, Povo Xukuru Kariri, Rede de Juventude do Agreste, Comissão Pastoral da Terra - CPT, Comunidades Quilombolas Cajá dos Negros e Guaxinim, Pastoral da Juventude do Meio Popular – PJMP e Coletivo Macambira. Envolvidos pela mística do e pela força da juventude e a sabedoria dos mais velhos vivenciamos três dias de muita partilha e construção coletiva.      A plenária é um esforço coletivo das organizações dos trabalhadores e trabalhadoras da região que vem acumulando forças e esperanças desde 2011 na construção de outro projeto de sociedade a partir da realidade concreta dos excluídos. O que nos levou a realizar a III plenária foi à necessidade de discutir os Movimentos Sociais na contemporaneidade e a construção de um Projeto Popular de Estado. Juntar as lideranças e jovens das organizações para analisar a conjuntura a partir do olhar eclesial, político, econômica, social, juvenil, indígena e quilombola na Microrregião do Agreste. Aprofundar Qual o Estado que temos e o Estado que queremos? E celebrar os 10 anos de Recid Brasil e os 10 Anos da Cáritas em Alagoas. E realizar o Grito dos Excluídos num Ato público  reivindicando uma pauta com as necessidades comum das comunidades da região. Percebemos que há muitos direitos humanos negados e violados  em nossa região, a luta pelos territórios tradicionais tem sido um conflito que se estendo por muitas gerações, o Povo Xukuru Kariri assim como os demais indígenas do país vem lutando pela demarcação de seu território, desde a colonização, e num processo mais recente 2010 Xukuru Kariri tem inicio os processos demarcatórios por meio de um decreto assinado pelo Ministério da Justiça sendo que a fase atual é a regularização fundiária faltando apenas à homologação pela Presidente da República e a indenização dos proprietários e pequenos agricultores de boa fé e a devido reassentamento pelo INCRA, assim com  indenizações justas que possibilitem aos pequenos ocupantes uma vida digna.Porém  o processo de levantamento fundiário Xukuru Kariri foi suspenso graças a uma manobra política dos senadores Renan Calheiros, Fernando Collor, deputados Renan Filho, Edival Gaia, Prefeito de Palmeira dos Índios, fazendeiros e empresários locais. O Povo Xukuru Kariri habita hoje o município de Palmeira dos Índios e tem famílias desaldeadas nos municípios de Igaci e Taquarana.  Ainda em relação às terra as comunidades Quilombolas da região agreste e médio sertão enfrentam uma situação histórica de não ter os seus territórios tradicionais demarcados, tão pouca políticas públicas especificas para estas comunidades. A constatação é que muitas comunidades quilombolas tem apenas um titulo de reconhecimento, mas não tem a terra que é a garantia da dignidade. Á analise de conjuntura aponta que a o modelo de estado que temos e a política partidária não dar conta de responder e resolver as necessidades concretas do povo, nossas cidades estão abandonadas, fortes esquemas de corrupção, o modelo de consumo desenfreado que gera muito lixo, que gera desastre ambiental e humano. São muitos casos de doenças e mortes na saúde pública, pois a falta de coleta seletiva, os córregos e riachos e poluição gera doença.
Os lixões continuam a mesma rotina, não há uma ação concreta dos gestores para resolver esta questão já que até 2014 devem se acabar com os lixões e os gestores não construírem nenhuma estratégias de reciclagem, coleta seletiva, educação ambiental da população.  A educação deixou de formar o ser humano em totalidade, serve apenas para atender as necessidades do sistema capitalista, um exemplo claro são os professores, agentes de saúde, e demais servidores públicos do município de Palmeira dos Índios que estão em greve a mais de 60 dias por melhores condições salariais e de trabalho. A violência vem crescendo de forma gritante e junto o uso e trafico de drogas, que geram morte principalmente da juventude pobre e negra, um dado oficial do próprio governo federal é que Palmeira dos Índios está entre uma das cidades mais violentas do país e a cidade que tem mais pessoas armadas no estado de Alagoas.  Numa compreensão coletiva os jovens e lideranças refletiram a realidade e construíram propostas concretas para uma verdadeira mudança a partir da realidade das comunidades.


Estado que temos 
Estado que queremos
Escolas fechadas sem professores;
Extermínio de jovens;
Desigualdade social entre ricos e pobres;
Falta de alimentação adequada;
Falta de água nas aldeias; 
Muitas indústrias poluindo e as cidades sem rede de esgoto;
Violência sem justiça;
Sem reforma agrária e demarcação das terras indígenas e quilombolas;
Latifúndio;
Saúde debilitada com as pessoas morrendo nas portas dos hospitais;
Minha casa minha vida é insuficiente, pois as moradias são inadequadas;
Rios poluídos;
Alto uso de agrotóxicos; 
Destruição da camada de ozônio;
Educação a força e descontextualizada.
Escolas com professores humanizados, qualificados e bem remunerados;
Sem extermínio de jovens;
Uma natureza preservada para os indígenas e toda a sociedade;
O Brasil é muito mais que uma bandeira;
Bem viver como projeto de sociedade; 
Que os rios sejam saudáveis; 
Demarcação dos territórios indígenas e quilombolas e reforma agrária;
 Habitação de qualidade; 
Saneamento básico;
 Saúde de qualidade;
 Educação diferenciada e contextualizada;
 Preservação do meio ambiente; 
 Agroecologia e produção de comida saudável.

A celebração dos 10 anos de Recid e Cáritas iniciou com uma roda de tore dos jovens Xukuru Kariri, recordação da caminhada das organizações leitura bíblica e confraternização. Ainda durante a plenária foi construído uma pauta comum com 18 itens de reivindicação a ser entregue nas prefeituras da região.   
Dia 06 de setembro aconteceu o 18º Grito dos Excluídos em Palmeira dos Índios tendo inicio na paróquia de são Sebastião com Celebração dos mártires da caminhada conduzida por Dom Dulcênio Fontes de Matos, Pajé Antônio Celestino, Bruna Fernandes, Nenem Quilombola e Jefferson Sousa. Após a celebração o povo saiu numa grande marcha pelas ruas da cidade com apresentações culturais, e falas das lideranças num verdadeiro dialogo com a sociedade da necessidade de um projeto de sociedade popular e democrático; os índios Xukuru Kariri se juntaram as organizações sociais e populares e aos povos Katókin, Geripankó, Koiupanká e Karuazú para afirmarem que querem sim a regularização fundiária de suas terras. A marcha seguiu pelas ruas da cidade e os participantes ocuparam a prefeitura de Palmeira dos Índios se juntando com os grevistas da saúde e educação, formando uma equipe de negociação para entregar a pauta de reivindicação ao prefeito municipal. A ocupação da prefeitura foi um verdadeiro momento de festa e celebração com a fila do povo, rodas de tore, roda de capoeira, cirandas e encerrando com almoço coletivo.  

                                                                                     Palmira dos Índios, 16 de setembro de 2013. 


[1] Educador Popular da Rede de Educação Cidadã – RECID, Integrante do Coletivo Macambira, Voluntário da Cáritas Diocesana de Palmeira dos Índios – CDPI, Graduando em Geografia pela Universidade Federal de Alagoas – UFAL. E-mail: heliomonte.pereira@gmail.com .



sábado, 7 de setembro de 2013

PAUTA DE REIVINDICAÇÃO DO GRITO DOS EXCLUIDOS/AS 2013

PAUTA DE REIVINDICAÇÃO DO GRITO DOS EXCLUIDOS/AS 2013
Nós, representantes dos movimentos e pastorais sociais, ONGs, Comunidades Quilombolas, Indígenas e Camponesas, reunidos durante os dias 04 a 06 de setembro de 2013, na plenária de preparação ao 19º Grito dos Excluídos em Palmeira dos Índios, refletimos sobre nossa realidade a luz do Bem Viver.
Diante das muitas reflexões realizadas, apresentamos nossa pauta de reivindicação dirigida aos Poderes Legislativo e Executivo desse município.
A saber:
1.        Criação do Selo de Inspeção Municipal-SIM, para produtos da agricultura familiar camponesa e assistência técnica de extensão;
2.        Aprovação do Projeto de Lei que destina um espaço para a comercialização dos produtos orgânicos e agroecológicos;
3.        Colocação e reposição de lâmpadas nos postes da rede elétrica que atende às comunidades rurais e urbanas e/ou extinção da taxa de iluminação pública;
4.        Pavimentação e instalação da rede de esgoto das vias públicas;
5.        Limpeza e despoluição dos córregos e riachos, paralelo a um processo educativo de sensibilização da população para a correta destinação do lixo e resíduos;
6.        Construção do espaço de seleção e destinação dos resíduos de lixo em vista da qualidade do serviço dos catadores de resíduos sólidos, paralelo a um processo educativo para a correta destinação do lixo e resíduos;
7.        Implantação da coleta seletiva do lixo e resíduos no município;
8.        Construção da Casa dos Conselhos;
9.         Criação do Conselho e Secretaria de Juventude do município;
10.    Manutenção das estradas vicinais;
11.    Elaboração de lei municipal sobre a política de comunicação social que garanta o respeito aos direitos humanos, código de ética e a liberdade de expressão;
12.    Garantir o respeito a Constituição Federal, no que diz respeito ao direito do território tradicional indígena Xukuru Kariri;
13.    Acesso à água para consumo humano de qualidade e em quantidade suficiente;
14.    Acesso à energia elétrica para comunidades rurais (sítios, povoados, assentamentos);
15.    Garantir a qualidade dos serviços de saúde pública (PSF’s, Emergência, Maternidade,  medicamentos,  profissionais  e Promoção a Saúde Preventiva e Práticas Integrativas);
16.    Agilizar a efetividade dos serviços da Unidade de Pronto Atendimento – UPA do município e com gestão pública;
17.    Melhorias da educação a partir da valorização e formação continuada dos profissionais, ampliação e melhoria dos equipamentos de ensino e promoção de educação contextualizada;
18.    Efetivação do Programa Nacional de Habitação Rural que atenda as necessidades básicas da população;
19.    Implantação de uma política municipal de segurança pública;

Palmeira dos Índios - AL, 06 de setembro de 2013.

Movimento dos Pequenos Agricultores - MPA,
Cáritas Diocesana de Palmeira dos Índios – CDPI
Rede de Educação Cidadã – RECID
Coletivo Macambira
Comissão Pastoral da Terra – CPT
Povo Xukuru Kariri
Comunidades Quilombolas
Lar da Criança

Rede de Juventude do Agreste

terça-feira, 3 de setembro de 2013

GRITO DOS/AS EXCLUÍDOS/AS 2013 Juventude que Ousa Lutar Constrói o Projeto Popular!

Data: 04 e 06 de setembro de 2013
Local: Espaço Xucurus – Palmeira dos Índios – Rua Nossa Senhora do Rosário, Conjunto Dom Epaminondas, Xucurus, Palmeira dos Índios, Alagoas (Por traz da Escola Irmã Bernadete).

PLENÁRIA
Participação: 100 pessoas, sendo 50 lideranças e 50 jovens;

Dia 04/09/2013
09:00h – Mística de abertura (RECID e MPA)
09:40h – Fala do Bispo Dom Dulcênio
10:00h – Análise de Conjuntura ( Padre Videlson – eclesial, Rosângela Santos – Política-econômica-social e Rúbia Carnita – juvenil, Gecinaldo –  indígena/quilombola)
Tema: Os Movimentos Sociais na contemporaneidade e construção de um Projeto Popular de Estado.
11:00h – Debate
12:00h – Almoço
14:00h – Trabalhos de Grupos
Tema: Qual o Estado que temos e o Estado que queremos?
Metodologia: Construção de painéis
GT 1 – Lideranças dos Movimentos Sociais
GT 2 – Juventudes
16:00h – Socialização dos grupos e aprofundamento (AAGRA - Eunice)
19:00h – Jantar
20:00h – Celebração dos 10 anos da Cáritas e da RECID e confraternização

Dia 05/08/2013
08:30h– Mística (Indígenas e Quilombolas)
09:00h – Memória do dia anterior (a definir entre os participantes)
09:30h – Avaliação do Grito dos/as Excluídos/as/Pauta de Reivindicação 2012
10:30h – Construção de pauta de reivindicações e Campanhas permanentes
-           Demarcação do território indígena;
-           Confecção de cartazes
-           Criação da comissão de diálogo com a gestão
12:00h – Almoço
14:00h – Encaminhamentos para a Marcha dos Excluídos/as
19:00h – Jantar
20:00h – Filme – Batismo de Sangue 

MARCHA DOS EXCLUDOS/AS
Dia 06/08/2013
08:00h – Concentração na Paróquia de São Sebastião
08:30h – Celebração dos mártires da caminhada e envio (Paróquia de São Sebastião)
09:00h – Marcha e ato dos excluídos pelas ruas da cidade de Palmeira dos Índios
Trajeto: Igreja Matriz de São Sebastião – Rua Antero Amorim, Rua Francisco Moura, Avenida Gov. Muniz Falcão, Colégio Estadual Humberto Mendes – 1ª parada, Rua Antônio Matias, Posto Padre Cícero – 2º parada, Praça Moreno Brandão – 3º parada, Rua José e Maria Passos, Rua Floriano Peixoto, Praça da Independência – 4ª parada;

Responsáveis pelas paradas:
1ª parada – Colégio Estadual Humberto Mendes: Juventude
2ª parada – Posto Padre Cícero: Pequenos Agricultores
3ª parada – Praça do Açude: Indígenas
4ª parada – Praça da independência: todos os participantes

Observações:
Coordenação Geral: RECID - Hélio, CDPI - Ducarmo, MPA – Vera, Indígenas - Raquel
Definir relatores (02) para os dois dias;
Definir animadores;


Informações: Helio: 9310-6500/ 9675-6991 heliomonte.pereira@gmail.com  Edvânia: 9676-6060  Jefferson: 9601-8739